▲ Ir para Topo

Nossa Fé na Idade Média


  Recentemente estava na faculdade quando o professor entregou para debate um texto escrito pelo santo Cesário de Arles, o qual tratava sobre como deveria comportar-se um cristão na Idade Média (período compreendido entre, segundo as cronologias mais aceitas, o ano de 476 d.C. até 1453 d.C). Abaixo segue um trecho da obra:

  “Aos domingos, reuni-vos na igreja. Se os infelizes judeus celebram o sábado com tamanha devoção que nesse dia não realizam nenhum trabalho, quanto mais não deve o cristão dedicar o domingo somente a Deus e vir à igreja em benefício de sua alma? Quando vierdes às reuniões da igreja, orai por vossos pecados e não entreis em discussões nem provoqueis discórdias ou escândalos. Quem vem à igreja para tais coisas agrava a ferida de sua alma, precisamente onde, pela oração, poderia curá-la. 
  Na igreja, não fiqueis tagarelando, mas ouvi pacientemente as leituras da palavra de Deus. Quem fica conversando na igreja deverá prestar contas, não só do mal que causa a si mesmo, mas também do que causa aos outros: pois nem ele ouve a palavra de Deus nem deixa que os outros a ouçam. 
  Dai o dízimo de vossos proventos à Igreja. Aquele que foi soberbo seja humilde; o que era adúltero seja casto; o que costumava furtar ou apropriar-se das coisas alheias que comece a dar de seu próprio patrimônio aos pobres. Quem foi invejoso seja benevolente; seja paciente o iracundo, quem ofendeu apresse-se a pedir perdão e o ofendido apresse-se em ser misericordioso. 
  Toda vez que sobrevier uma doença, o que a sofre receba o corpo e o sangue de Cristo; peça humildemente e com fé ao sacerdote a unção com o óleo bento a fim de que se cumpra nele o que está escrito: "Algum de vós está doente? Chame os presbíteros para que orem sobre ele, ungindo-o com óleo, e a oração da fé salvará o enfermo, elevando-o ao Senhor. Se tiver cometido pecados, ser-lhe-ão remitidos" (Tg 5,14-15). 
  Vede, irmãos, como quem recorre à Igreja em sua doença obtém a saúde do corpo e a remissão dos pecados. Se é possível, pois, encontrar este duplo benefício na Igreja, por que há infelizes que se empenham em causar mal a si mesmos, procurando os mais variados sortilégios: recorrendo a encantadores, a feitiçarias em fontes e árvores, amuletos, charlatães, videntes e adivinhos?”*

  Cesário de Arles viveu entre 470 e 543 d.C no sul da França e foi um ativo pregador contra o paganismo.

  Há semelhanças entre a fé que praticamos hoje e aquela corriqueira há mais de 15 séculos? Ou há mais diferenças?

  *Cesário de Arles. “Sermão Para Uma Paróquia Rural”. LAVANO, L.J. (org). Cultura e Educação na Idade Média: São Paulo. Martins Fontes, 1998. P.42-48.

                                                                                                      Daniel Consul

0 comentários:

Postar um comentário